quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Atividade 4

Perigo na rede


É impossível ir contra o fato de que as relações sociais criaram forma de se estabelecer pelos canais de tecnologia, ao longo das duas últimas décadas. Mas será que a sociedade está preparada para educar os filhos da internet? Os perigos do convívio de crianças e adolescentes na web mostram-se crescentes a cada novo caso noticiado pela mídia. Quando o espaço virtual gera um mundo de fantasias, e os pais não estão preparados para orientar meninos e meninas, brincadeiras e diversão transformam-se em armadilhas.

Caxias do Sul – Difícil encontrar sentido na vida quando algo dá errado. Seria tão melhor não ter nenhum defeito.

Falar com desenvoltura, esbanjar o cabelo mais liso, olhos claros, lábios mais finos, mais grossos... Perfeito seria evitar que as pessoas nos conhecessem como somos, mas nos concebessem da maneira que gostaríamos de ser vistos.

Esse tipo de pensamento permeia o universo adolescente, pré-adolescente e até infantil. A esses impulsivos e imediatistas iniciantes da vida, as facilidades em esconder-se no mundo virtual tornam-se uma armadilha camuflada em meio a tantas novidades.

Sistemas de conversação online, a exemplo do MSN, e de relacionamentos, como o Orkut, são alguns destes divertidos e ao mesmo tempo arriscados instrumentos. E essa realidade de perigo é contante no Brasil. Quando uma adolescente deixa sua casa, atravessa Estados para se encontrar com sua amiga da internet, o mundo real e o virtual se conectam em forma de ameaça às famílias. Até que ponto a educação de pai para filho é suficiente diante das portas que se abrem a cada dia com novas tecnologias?

O caso recente noticiado na imprensa nacional da garota paulista de 15 anos que foi encontrar na vida real sua parceira virtual em Bento Gonçalves impressiona pela determinação. A adolescente Giovana Dias Fernandes chegou a percorrer nove quilômentros a pé e pegar carona com caminhoneiros para chegar ao seu destino, na Serra Gaúcha. Na verdade, não era o encontro com a amiga seu principal objetivo. Ela queria fugir de casa por que tinha medo de ser reprimida pela mãe ao contar à família que perdera o celular.

Diante desse quadro, cabe a pergunta: seriam as ferramentas de conversação e de relacionamento os principais vilões aos adolescentes? Ou a tecnologia apresenta-se apenas como mais uma das diversas válvulas de escape que crianças e adolescentes têm para correr dos problemas?

A resposta dos especialistas aponta para a segunda hipótese. A imersão na internet indica que algo na vida destes adolescentes não vai bem. O frenesi pelo mundo virtual mostra somente a ponta de um problema maior e bastante real.

- O uso abusivo começa a caracterizar um tipo de dependência. Entretanto, isso é consequência de um desequilíbrio psicológico, uma porta aberta indicando que algo não está correto. São pessoas que têm problemas e precisam de uma válvula de escape – explica o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, 45, coordenador do ambulatório integrado dos transtornos do impulso do Hospital da Clínicas de São Paulo.

Qualquer um pode ter uma imagem de pessoa feliz e de sucesso com fotos postadas no Orkut de viagens ao Exterior, sorrisos em festas etc. mas como saber se aquela pessoa, de brincos dourados, jaqueta cuidadosamente rasgada nos ombros e bolsa da moda é realmente assim?

Vivenciar estereótipos, personagens ideais de sucesso e poder, é um recurso recorrente de crianças e adolescentes em sites de relacionamento e ferramentas de conversação na internet.

- Com problemas de auto-estima, o usuário não consegue falar direito, por exemplo, ou se relacionar na vida real. Então, ele se esconde atrás da tela do computador e reformula sua personalidade. Preferir a vida virtual é muito mais prazeroso, pois é um lugar onde não há dificuldades, vergonhas, timidez – relaciona Nabuco.

Mesmo em 2008 e com a internet disseminada desde a década de 1990, o grande dilema em educar os filhos para o convívio social na web reside na falta de experiência e de conhecimento dos pais sobre essas ferramentas tecnológicas.
Alyr Cemin, Ana Maria Vaccaro,Viviane Zucco Dos Passos.

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